Quando Avaí Futebol Clube anunciou, na manhã de 2 de outubro de 2025, o pagamento de um mês de salários aos atletas profissionais e ao staff administrativo, o clima no clube já estava tenso. O diretor executivo Lucas Pedrozo confirmou o depósito em comunicado oficial, mas reconheceu que ainda restam dívidas referentes a um mês de CLT, quatro meses de direitos de imagem e a premiação do Campeonato Catarinense 2025, todas com vencimento em 25 de outubro.
Contexto financeiro do Avaí
O problema de fluxo de caixa não é novidade. Desde o início de 2025, o clube tem lutado para equilibrar receitas de patrocínio, bilheteria e a cota da Liga. O presidente Júlio Heerdt, em entrevista exclusiva à CBN Floripa, explicou que o orçamento foi revisado em 30%, priorizando três áreas: pagamento de dívidas (incluindo a Recuperação Judicial), melhorias na Ressacada e a montagem do grupo de atletas. Apesar das medidas, a falta de recursos imediatos fez com que a folha salarial ficasse “na ponta dos dedos”.
Desdobramentos da greve dos jogadores
O ponto de ruptura aconteceu em 21 de outubro, quando o elenco profissional abandonou o treinamento no Centro de Treinamento da Ressacada, em Florianópolis. Fontes próximas ao plantel relataram que a decisão foi um recado direto à diretoria: três meses de salários atrasados e a ameaça de rescisão unilateral, prevista na Lei Geral do Esporte se os direitos de imagem acumularem três meses de inadimplência.
O técnico Jair Ventura, de 46 anos, tentou acalmar a situação antes da partida contra o Amazonas em 25 de outubro, dizendo à ESPN: "É um momento bem delicado, hoje bate três meses de salários atrasados, mas temos uma responsabilidade muito grande dentro de campo...". Ventura ressaltou que o time precisava encarar a partida como uma final para manter viva a esperança de chegar ao G-4 da Série B.
Na Série B 2025, o Avaí ocupa a nona colocação com 33 pontos, a três gols do quarto colocado Criciúma, que ainda tem um jogo a menos. A diferença pode parecer pequena, mas a falta de motivação financeira já começou a refletir nos resultados.

Impacto no futebol feminino: o caso Avaí/Kindermann
Se a situação do elenco masculino já gera manchetes, a realidade da equipe feminina é ainda mais crítica. O salários atrasados das jogadoras chegam a três meses, enquanto a comissão técnica, funcionários e fornecedores esperam até seis meses de pagamento. Mesmo com a campanha invicta no Campeonato Catarinense Feminino de 2025 – seis vitórias, 46 gols marcados e nenhum sofrido – a falta de recursos ameaça o desempenho futuro.
A meia Brendha Patrícia, em nota oficial, exigiu que o clube definisse prazos claros para a quitação. Até o momento, o Avaí Futebol Clube não respondeu às solicitações da imprensa.
Próximos compromissos e a pressão sobre a diretoria
- 3 de outubro – CRB x Avaí no Estádio Rei Pelé, Maceió (30ª rodada da Série B).
- 7 de outubro – Barra FC x Avaí na Arena Barra FC, Campeonato Catarinense.
- 8 de outubro – Avaí x Volta Redonda na Ressacada (Série B).
- 12 de outubro – Avaí x Figueirense na Ressacada (Campeonato Catarinense).
Com a próxima folha salarial prevista para 7 de outubro, o relógio está correndo. A diretoria ainda não divulgou um cronograma de pagamentos, o que mantém jogadores, técnicos e torcedores em estado de alerta.

Perspectivas e próximos passos
O presidente Heerdt prometeu encerrar seu mandato em dezembro sem dívidas salariais pendentes. Para isso, ele está negociando um aporte emergencial com investidores locais e buscando alternativas de comercialização de ativos, como a venda de jogadores que não são essenciais ao plano de metas.
Especialistas em gestão esportiva alertam que, se o Avaí não regularizar os pagamentos até o prazo final de 25 de outubro, corre alto risco de processos trabalhistas em massa e até de intervenção da CBF. O caso do ex‑jogador Mendes, que ajuizou ação contra o clube após sair em julho, pode abrir precedentes para outros atletas, inclusive os da equipe feminina.
Perguntas Frequentes
Qual o risco de rescisão unilateral dos contratos dos jogadores?
Se os direitos de imagem permanecerem atrasados por três meses, a Lei Geral do Esporte permite que o atleta peça rescisão unilateral e receba indenização. No caso do Avaí, o atraso já ultrapassa esse limite, gerando alerta nos movimentos sindicais.
Como a crise financeira afeta a performance em campo?
A falta de pagamento reduz a motivação e pode levar a quedas de rendimento físico e mental. Técnicos relatam que jogadores distraídos tendem a cometer erros decisivos, o que já se refletiu em alguns jogos da Série B.
O que a diretoria pode fazer para evitar novos atrasos?
Além do aporte emergencial, há necessidade de renegociar contratos de patrocínio, cortar custos operacionais e implementar um plano de gerenciamento de caixa mais rígido. A venda de jogadores de maior valor de mercado também pode gerar receita rápida.
Como a situação do Avaí/Kindermann pode impactar o futebol feminino em Santa Catarina?
O atraso prolongado pode desmotivar jogadoras e técnicos, prejudicando a competitividade do time e desincentivando patrocinadores. Caso a crise se prolongue, outras equipes do estado podem enfrentar dificuldades semelhantes ao buscar apoio financeiro.
Qual a expectativa de torcedores para o próximo jogo contra o CRB?
A torcida está dividida: há quem espere um desempenho heroico como forma de protesto, enquanto outros temem que a falta de pagamento comprometa a consistência tática. Em geral, o clima nas arquibancadas deve ser de apoio, mas com muita ansiedade.
Shirlei Cruz
Entendo a gravidade da situação descrita no Avaí e reconheço o esforço da diretoria ao quitar parte dos salários. Ainda assim, a inadimplência remanescente gera insegurança tanto para atletas quanto para o staff. É fundamental que haja transparência nas próximas etapas de pagamento. A falta de comunicação clara pode piorar ainda mais o clima já tenso no clube.
On outubro 9, 2025 AT 19:47