Bolha de IA: queda no mercado expõe limites do otimismo tecnológico

Postado por Simão Rodrigues em julho 30, 2025 AT 18:55 0 Comentários

Bolha de IA: queda no mercado expõe limites do otimismo tecnológico

Quando a bolha da IA explode: especulação, perdas e lições ignoradas

O universo das Big Techs tremeu nos últimos meses, com o estouro da chamada "bolha da inteligência artificial". O que parecia invencível — o otimismo com a IA que dominou investidores, mídia e até governos — se transformou em dúvida generalizada depois que empresas como Apple e NVIDIA viram seus valores despencarem mais de 10%. Dinheiro fácil virou fumaça bem diante dos olhos.

O caso ganhou destaque depois de uma análise minuciosa do neurocientista Miguel Nicolelis publicada na Forbes Brasil. Ele enxergou por trás da queda vertiginosa das ações um fenômeno clássico: excesso de aposta em promessas mirabolantes, sem base econômica real. Todo o mercado foi infectado por uma lógica de ganhos rápidos baseada mais em esperança do que em resultados concretos. O preço dessa aposta coletiva? Mais de 11% de valor de mercado evaporou para as gigantes do setor.

Por trás da movimentação, ainda surge a figura de Warren Buffett. O lendário investidor, conhecido por evitar modismos, agiu antes da crise: vendeu mais de US$270 bilhões em ações, incluindo pesados investimentos em Apple. A decisão dele, que parecia conservadora demais aos olhos de alguns, soa agora quase premonitória. Afinal, foi um alerta silencioso ao mercado sobre a euforia ao redor da inteligência artificial.

Estudos desafiam o mito do futuro tecnológico perfeito

Nicolelis também chamou atenção para um artigo científico que circulou em julho de 2024 na Nature, assinado por Shumailov e colegas. O estudo questiona fundamentos da IA generativa, sugerindo que há limites técnicos e teóricos importantes, esquecidos nos discursos animados das gigantes de tecnologia. Para ele, esse trabalho pode virar referência — mas não como celebração, e sim como alerta para os exageros atuais.

Esses fatores, combinados, desmontam o mito do progresso garantido apenas por tecnologia, sem considerar questões sociais e econômicas mais profundas. O próprio Nicolelis provoca: apostar num "futuro sem futuro" é repetir os mesmos erros das bolhas do passado, como a das pontocom ou da especulação imobiliária. Afinal, construir castelos de expectativas não resolve desigualdades, desemprego ou falta de políticas sólidas de ciência e educação.

No fim das contas, o recado está dado. O encanto da IA no mercado financeiro virou desconfiança. E a combinação de relatos como o de Buffett com pesquisas científicas de peso faz o leitor comum pensar: até onde vai o otimismo tecnológico antes de enxergarmos o chão?