Braga Netto Questionado: Bastidores de Uma Acusação de Golpe
Quando se fala em crise nas forças armadas, o nome de Walter Braga Netto sempre surge no meio da confusão. Ex-ministro da Defesa e também ex-chefe da Casa Civil no governo Bolsonaro, o general enfrentou, em 10 de junho de 2025, uma sabatina nada confortável com o Supremo Tribunal Federal (STF). Seu nome aparece no centro de um dos inquéritos mais explosivos dos últimos anos, investigando articulação de golpe de Estado para reverter as eleições de 2022.
No depoimento, Braga Netto não encheu linguiça: negou categoricamente ter ordenado ou coordenado ataques contra chefes militares. "Se precisasse falar com eles, faria pessoalmente", disparou o general durante a videoconferência, com o ministro Alexandre de Moraes no comando da audiência. A declaração veio para rebater acusações ancoradas em supostas mensagens digitais nas quais Braga Netto teria autorizado propagação de ataques virtuais contra o comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e o comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.
Esses oficiais acabaram na linha de fogo justamente por, segundo investigações, se recusarem a apoiar as investidas bolsonaristas de rejeitar o resultado das urnas. Vazamentos sugerem que houve pressão digital: ofensas, críticas e até tentativas de constrangimento público. Braga Netto confirma a existência das mensagens, mas questiona o sentido atribuído a elas, alegando que estão "fora de contexto". Ele ainda enfatizou não recordar de ter dado ordens explícitas para pressionar os colegas de farda.
O detalhe que poucos sabem é que Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, tido como peça-chave do chamado "núcleo duro" da articulação golpista. O cerco do STF inclui não só militares de alta patente, mas outros nomes do antigo círculo de confiança de Jair Bolsonaro. Ao todo, são oito réus que respondem à acusação de organizar ações para tentar reverter o pleito presidencial por meio de intervenção das Forças Armadas, ignorando o resultado das urnas e colocando a democracia na berlinda.

Suspeitas, Evidências e os Próximos Passos do Caso
Para a Polícia Federal e o STF, o general teria atuado nos bastidores para minar a autoridade dos comandantes militares mais resistentes às aventuras golpistas. Seja puxando fios pelas redes sociais ou incentivando apoiadores a bombardear esses nomes publicamente, a suspeita é que Braga Netto buscou eliminar obstáculos internos à suposta tentativa de golpe.
Apesar da artilharia digital registrada, as mensagens trocadas ainda precisam de mais contexto e provas sólidas para cravar a responsabilidade direta do general. E Braga Netto joga com isso: reforça sua inocência, contesta interpretações e já pediu para deixar a prisão. O argumento é de que não há provas diretas de um comando para atacar os colegas militares. Para ele, a narrativa da acusação se apoia em interpretações e recortes de conversas que não condizem com seu comportamento.
Nem só de acusações vive o processo. O pedido de liberdade do ex-ministro mexeu com os ânimos dentro e fora dos tribunais. Os advogados de Braga Netto apostam que as supostas ordens de ataque, até agora, não configuram um crime direto, muito menos um risco à sociedade que justifique mantê-lo preso preventivamente. Enquanto isso, o STF e a Polícia Federal seguem vasculhando arquivos eletrônicos, depoimentos e tentando reconstruir os passos de cada um dos envolvidos no episódio mais tenso da política brasileira recente.
- Braga Netto segue enfático: nunca interferiu ou estimulou qualquer desrespeito dentro das Forças Armadas.
- O STF quer ligar as peças: redes sociais, bastidores, linhas de comando e pressões para forçar adesão ao projeto golpista.
- No centro de tudo, o *STF* tenta delimitar o papel do general – militar de alta patente ou estrategista de ataque interno?
O caso não acabou e promete novos capítulos. Cada detalhe revela um pouco mais da tensão entre o poder militar, a Justiça e a democracia brasileira.