Câmara proíbe reuniões de comissões no recesso e cria impasse com oposição

Postado por Simão Rodrigues em julho 23, 2025 AT 18:42 0 Comentários

Câmara proíbe reuniões de comissões no recesso e cria impasse com oposição

Proibição pega comissões de surpresa e revolta oposição

Uma decisão administrativa mexeu no tabuleiro político da Câmara dos Deputados e inflamou a oposição. Hugo Motta, presidente da Casa, travou qualquer reunião de comissões entre os dias 22 de julho e 1º de agosto de 2025, período tradicional de recesso parlamentar. Quem esperava calma e silêncio encontrou barulho: líderes de oposição não gostaram nada da suspensão, especialmente por atingir sessões marcadas para reforçar o apoio político ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O anúncio veio no Diário Oficial no mesmo dia em que duas comissões – ambas comandadas por figuras do PL, partido de Bolsonaro – planejavam reunir seus membros. A Comissão de Segurança Pública, liderada por Paulo Bilynskyj (PL-SP), e a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, sob Filipe Barros (PL-PR), já tinham pauta pronta, com moções de apoio explícito a Bolsonaro após os recentes desgastes enfrentados por ele e aliados. O cancelamento dessas reuniões reacendeu a disputa entre base e oposição dentro do Congresso.

Motivações, bastidores e reação nas ruas

Motivações, bastidores e reação nas ruas

Conforme assessores próximos ao presidente da Câmara, o bloqueio das atividades não foi motivado por disputa política direta, mas pela necessidade de tocar dedetizações e reformas na estrutura predial da Câmara durante o breve recesso. A justificativa técnica, porém, não convenceu a oposição. Deputados ligados ao PL enxergaram censura e tentativa de calar manifestações de apoio ao ex-presidente. Antes de oficializar a medida, Motta buscou convencer os próprios deputados a cancelar os encontros de forma voluntária, mas esbarrou em resistência: o recado interno principal era proteger a rotina da Câmara, mas o gesto virou munição para acusações de cerceamento político.

Imediatamente após a publicação no Diário Oficial, líderes bolsonaristas passaram a articular mobilizações nas ruas. Eles prometem usar o caso como mais um elemento em discursos de enfrentamento contra a direção da Casa e em defesa da liberdade de expressão parlamentar. Para eles, a decisão não apenas impede discussões importantes em meio ao recesso, como também silencia movimentos programados de apoio político estratégico.

Toda a situação evidenciou o clima tenso nos bastidores de Brasília: enquanto o comando da Câmara afirma que reformas precisam ser feitas sem ruído político, a oposição vê cada brecha como oportunidade para marcar posição diante de sua base. O episódio mostra como, mesmo em épocas de calendário “vazio” na política, o ambiente continua fervendo e decisões administrativas podem virar estopim de novas disputas públicas.