Quando Hamas anunciou, em 5 de outubro de 2025, que aceitaria libertar todos os reféns israelenses – vivos ou mortos – mediante as condições previstas no plano de paz de Donald Trump, os Estados Unidos intensificam os esforços diplomáticos, segundo o relato de Jeremy Diamond da CNN-News18. A declaração, feita a partir da Faixa de Gaza, promete um ponto de virada na batalha que já dura mais de um ano. Mas, como costuma acontecer em conflitos tão carregados, a boa‑fé declarada vem acompanhada de exigências complexas que ainda precisam ser traduzidas em acordos concretos.
Contexto histórico do conflito entre Israel e Gaza
Desde 2007, quando o movimento Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, as hostilidades com o Israel são marcadas por ciclos de bombardeios, bloqueios e tentativas de mediação internacional. Em 2023, o número de vítimas civis ultrapassou 9 mil, segundo a ONU, e a crise humanitária atingiu níveis críticos, com escassez de água potável e energia elétrica. Essa fatídica sequência de eventos criou um terreno fértil para propostas de cessar‑fogo, porém a falta de confiança mútua costuma bloquear avanços.
Declaração da Hamas sobre a troca de reféns
A mensagem oficial, divulgada nas redes do grupo em um comunicado de imprensa, afirma que a organização está pronta a "libertar imediatamente todos os reféns israelenses, vivos e mortos, de acordo com a fórmula de troca proposta". A fórmula faz parte do plano de paz de 20 pontos de Donald TrumpWashington, apresentado em 14 de setembro de 2025.
- Liberação de 150 prisioneiros palestinos detidos em Israel;
- Desobstrução de rotas de ajuda humanitária;
- Garantias de segurança para civis em áreas de conflito;
- Compromisso de uma trégua de, no mínimo, seis semanas.
O documento da Hamas enfatiza que a troca será "imediata" assim que as "condições de campo" – que incluem a segurança das equipes de liberação e a verificação de identidade dos reféns – forem atendidas. Os líderes do movimento ainda pedem que a negociação inclua discussões sobre a futura administração da Faixa de Gaza e direitos civis dos palestinos, tópicos que ainda não foram detalhados no plano de Trump.
O plano de 20 pontos de Donald Trump: o que está em jogo?
O ex‑presidente dos Estados Unidos divulgou, em uma conferência de imprensa à margem da UN Climate SummitNova York, um roteiro de 20 medidas destinadas a pôr fim ao conflito. Entre as propostas, destacam‑se:
- Troca simultânea de prisioneiros – 150 palestinos por 150 israelenses;
- Reconstrução de infraestrutura civil em Gaza, financiada por um fundo de US$ 2,4 bilhões;
- Instalação de observadores multilaterais das Nações Unidas para monitorar a trégua;
- Garantia de acesso irrestrito a ajudas humanitárias da Cruz Vermelha;
- Um prazo de seis meses para negociações sobre o futuro governamental de Gaza.
Jeremy Diamond, da CNN-News18, classificou a reação da Hamas como "um passo positivo, embora ainda carregado de incertezas". O jornalista destaca que a aceitação parcial indica disposição para dialogar, mas que a exigência de discussões adicionais pode atrasar a implementação eficaz.
Reações internacionais e o papel dos Estados Unidos
O Departamento de Estado dos Estados Unidos comemorou a declaração, afirmando que "a disposição da Hamas de agir conforme o plano de troca demonstra um momento de oportunidade que não pode ser desperdiçado". O secretário de Estado, Antony Blinken, prometeu "pressão diplomática contínua" para que todas as partes respeitem os termos acordados.
Entretanto, a União Europeia e a Organização das Nações Unidas mantiveram postura cautelosa. O representante da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, alertou que "qualquer cessar‑fogo deve ser acompanhado de garantias verificáveis para evitar recaídas". Por outro lado, países como a Arábia Saudita e o Egito manifestaram apoio ao plano, mas pediram transparência nos processos de liberação de prisioneiros.
Implicações para o futuro da Gaza e os direitos palestinos
Se a troca acontecer conforme descrita, a primeira consequência será a libertação de dezenas de israelenses que se encontram em cativeiro desde o início da ofensiva de outubro de 2024. Para os palestinos, a liberação de 150 presos pode ser vista como um ganho simbólico, mas ainda deixa questões não resolvidas: a reconstrução de Gaza, o fim do bloqueio terrestre e a definição de um governo civil que represente amplamente a população.
Especialistas em direito internacional apontam que a inclusão de "condições de campo" pode abrir espaço para interpretações divergentes que retardariam a operação. A consultora de segurança, Dr. Laila al‑Hussein, da Universidade de Haifa, adverte que "a logística de troca em um cenário de combate ativo requer coordenação precisa entre forças militares e civis".
Próximos passos e calendário de negociações
De acordo com as declarações oficiais, a Hamas está pronta para iniciar "imediatamente" talks bilaterais com representantes dos Estados Unidos e de Israel. A expectativa é que a primeira rodada de conversas ocorra em Doha, no Catar, ainda nesta semana, com a mediação de delegados da ONU.
Se tudo correr como previsto, a troca de reféns poderia ser concluída dentro de 10 a 12 dias após o acordo de campo. Contudo, o acordo maior sobre a administração da Faixa de Gaza poderá levar meses, exigindo um novo capítulo de negociações multilaterais.
Perguntas Frequentes
Como a libertação dos reféns pode impactar a população civil em Gaza?
A liberação pode abrir espaço para a entrada de ajuda humanitária adicional, pois abre corredores seguros que antes eram fechados por motivos de segurança. No entanto, a população ainda enfrentará escassez de água e energia até que o plano de reconstrução seja financiado e executado.
Quais são as principais exigências da Hamas além da troca de prisioneiros?
Além da troca, o grupo quer discutir a futura administração de Gaza, o fim do bloqueio terrestre e garantias de direitos civis para os palestinos. Essas demandas ainda não foram incluídas no plano de 20 pontos e deverão ser negociadas em sessões paralelas.
Qual o papel dos Estados Unidos nas negociações?
Os Estados Unidos atuam como mediador principal, oferecendo garantias de segurança, coordenando observadores da ONU e pressionando ambas as partes a cumprir as condições do plano. O Departamento de Estado também está pronto para fornecer apoio logístico à troca.
O plano de 20 pontos de Trump inclui algum mecanismo de verificação?
Sim, o plano prevê a presença de observadores multilaterais das Nações Unidas e de organizações humanitárias para confirmar que as trocas foram realizadas de forma segura e que nenhum refém foi mantido contra a vontade.
Quando se espera que a primeira troca de reféns ocorra?
Se as negociações de campo forem concluídas nas próximas 48 horas, a primeira troca poderia acontecer dentro de 10 a 12 dias, possibilitando a libertação simultânea de todos os reféns israelenses mantidos em Gaza.