Prisões e Esquema Bilionário
Pouca gente esperava acordar com a notícia de que Aparecido Sidney de Oliveira, criador da famosa Ultrafarma, foi parar atrás das grades. Aos 71 anos, ele acabou detido em agosto de 2025 durante mais uma daquelas operações que sacodem o universo empresarial paulista. Policiais e investigadores do Ministério Público de São Paulo realizaram buscas em grande estilo: mandados de busca e apreensão batendo à porta de empresários, fiscais e até executivos de grandes varejistas. No centro de tudo isso? Um esquema de corrupção tocando a casa do R$ 1 bilhão em propinas pagas para acelerar a devolução de créditos de ICMS.
Ninguém gosta de esperar pelo reembolso de impostos, e grandes redes sofrem na mão da burocracia. Só que dessa vez o atalho era perigoso. Segundo o MP-SP, Sidney Oliveira e outros pesos-pesados teriam desembolsado fortunas para fiscais da SEFAZ-SP (Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo) agilizarem processos que, pelas vias normais, podem levar meses ou anos. O segredo era pagar bem – e rápido. Foram pelo menos R$ 1 bilhão em movimentações ilícitas desde 2021, com indícios de que a jogada existia bem antes do que as autoridades imaginavam.
- Sidney Oliveira (Ultrafarma), Artur Gomes da Silva Neto e Marcelo de Almeida Gouveia (fiscais do estado), Mario Otávio Gomes (diretor da Fast Shop) e um casal suspeito foram presos na operação.
- Na residência do casal, os investigadores encontraram dinheiro vivo e até um pacote de esmeraldas.
Os promotores também congelaram bens dos envolvidos e continuam vasculhando computadores e documentos para mapear toda a cadeia da fraude.
Repercussões e Bastidores
A repercussão foi instantânea nos bastidores do varejo e da política paulista. O advogado de Sidney, Fernando Capez – nome conhecido tanto no meio jurídico como na cena política – soltou nota dizendo que seu cliente já tinha fechado um acordo pelo chamado ANPP (Acordo de Não Persecução Penal) por questões fiscais antigas. Então, Sidney estaria pagando as dívidas em prestações e seguindo o cronograma. Isso tornaria a prisão, segundo a defesa, no mínimo questionável.
Para quem acompanha a vida desse empresário, drama pessoal e disputas profissionais nunca ficaram longe do noticiário. Em 2012, a separação de Sidney e Áurea Lima virou novela judicial, com briga de controle acionário envolvendo quase toda a Ultrafarma. Segundo relatos da época, Áurea detinha 90% das ações e tentou, sem sucesso, tirar o ex-marido do comando durante negociações para fundir a Ultrafarma com a concorrente Pague Menos. O processo, iniciado em 2009, arrastou-se por anos, aumentando as tensões no topo da empresa.
Enquanto isso, a Secretaria da Fazenda corre para abrir sindicância interna e entender até onde vai o envolvimento dos dois fiscais presos. A Fast Shop, também na mira dessa investigação, prometeu colaborar, mas aguarda detalhes para dar explicações mais concretas. E a Ultrafarma, tensa, permaneceu em silêncio desde as primeiras horas da operação.
O caso tem feito empresários de todos os setores pensarem duas vezes antes de confiar em velhos atalhos para problemas fiscais. Mostra também o peso que um nome como Sidney Oliveira ainda tem para o mercado e para a própria reputação do varejo brasileiro, que agora encara mais uma mancha marcada por cifras e corrupção.